Está em exibição o quinto Scary
Movie, agora sem Anna Faris. Apesar do sucesso de bilheteira, o entusiasmo
provocado pela série tornou-se geralmente nulo há muito tempo, à medida que se
sucediam as sequelas vazias de ideias. No entanto, quando surgiu o primeiro Scary Movie, dos irmãos Wayans, o tipo
de humor usado parecia pouco comum até então, ultrapassando, na ousadia e mau
gosto, as comédias dos Farrelly (Doidos à
Solta, Doidos por Mary). Foi nesse
contexto que, em 15 de Outubro de 2000, ao ver Scary Movie no Monumental (Lisboa), assisti a um episódio nunca
igualado de histeria colectiva numa sala de cinema. A causa foi esta cena de sexo, em especial o clímax final, que estimulou fortemente o público daquela
sessão. Risos, gritos, comentários em voz alta e pessoas a levantarem-se das
cadeiras criaram um cenário de motim que só quem lá esteve pode compreender.
Possivelmente, a força do esperma produziu desde então efeitos semelhantes de
hilariedade entre outros espectadores do filme, mas o ambiente de algazarra geral
no escuro do cinema é difícil de replicar.
A partir daí, as paródias cinéfilas (geralmente filmes com “movie”
no título e não mais de hora e meia de duração) e o humor rasteiro
banalizaram-se, o que levou à perda do efeito surpresa que existia em Outubro
de 2000. Dois dos argumentistas do primeiro Scary
Movie, Aaron Seltzer e Jason Friedberg, passaram à realização e criaram uma
filmografia coerente (ao nível da falta de piada e inteligência), tendo
actualmente mais duas obras do género spoof
por estrear.
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