Encontrar algo útil no meio da tralha é parte essencial do trabalho de um historiador.

segunda-feira, 31 de janeiro de 2011

Vais conhecer os teus novos sogros e o teu novo cunhado


Integrado nos Ultras de Portugal (um grupo de apoio à selecção lusa formado por membros de várias claques clubísticas), Daniel Estudante Protásio viajou pela Europa e voou até à Coreia do Sul para assistir ao vivo às participações da equipa nacional em fases finais de competições oficiais. Os diários de cada fase final e um artigo publicado pelo autor numa revista alemã constituem o livro Viagem ao Mundo Ultra. Do Euro 96 ao Euro 2004 (Marginália, 2005). A obra é um misto de autobiografia, livro de viagens, estudo do fenómeno das claques e testemunho de momentos felizes e infelizes da história do futebol português. No que respeita aos “ultras”, Protásio visa transmitir uma imagem positiva dos adeptos indefectíveis de Portugal, fugindo aos clichés e à “barbárie” expressa nos relatos de Fernando Madureira. Criticando comportamentos comodistas (futebol não é cinema), “Danny” encara como verdadeiros adeptos aqueles que vão ao estádio e vivem intensamente o jogo, gritando até à rouquidão e apoiando sem cessar a sua equipa. O tédio e as convenções do quotidiano são esquecidos enquanto o adepto mergulha no ambiente do estádio, sem perder totalmente a sua individualidade. Como recompensa, há a participação nos momentos inesquecíveis da festa da vitória.

sábado, 29 de janeiro de 2011

Ninguém nos demove, estamos com os nove


De acordo com o último livro de Ana Linheiro, Clube de Futebol “Os Belenenses”, Datas e factos memoráveis de 2000 a 2009 (edição da autora, 2010), o CFB lançou-se no futsal em 2003, adquirindo os direitos desportivos do Chelas, clube onde foi buscar cinco dos seus primeiros 12 futsalistas (Filipe, Pedro Franco, Bruno Franco, Nuno Monteiro, Luís Bendada, Paulo Rocha, Nuno Santos, Rui Sousa, João Nelson, Jorge, Teixeira e José Varela). O treinador Manuel Jorge assumiu o comando da nova equipa, que levou em apenas dois anos à conquista dos campeonatos nacionais da III e II Divisão e a uma presença na final four da Taça de Portugal. Resultados infelizes na divisão principal causaram o despedimento de Manuel Jorge em Janeiro de 2007, recorrendo então os “pastéis” a Alípio Matos, ex-treinador do Benfica. Matos mantém-se em Belém até hoje, tendo conquistado a Taça de Portugal na época de 2009/10. Escusado será dizer que um ala chamado Pedro Serra jogou pelo Belenenses em 2005/06.

terça-feira, 25 de janeiro de 2011

Estás tão caladinho, Roberto Serpa


Na sua biografia de José Maria Pedroto, Pedroto, O Mestre (Aleixo & Maia, Lda., 1998), Alfredo Barbosa inicia vários capítulos com a enumeração de factos ocorridos no mundo, em Portugal e no futebol português, de modo a contextualizar os diferentes períodos da vida do Zé do Boné. No epílogo, Barbosa faz um panorama de 1982-1985 (pp. 257-261). Não é especialmente grave que retire dez anos às datas dos Jogos Olímpicos de Moscovo e Los Angeles (1980 e 1984, não 1970 e 1974), refira a chegada ao poder de Margaret Thatcher (primeira-ministra já desde 1979) ou afirme que “a Argentina assenhoreou-se do arquipélago das Fakeland”. No entanto, ao dizer que Gabriel Garcia Marquez ganhou o Prémio Nobel da Literatura e “George Orwell impressionou com 1984”, parece ignorar que o romance do autor britânico foi publicado pela primeira vez em 1948, constituindo uma distopia futurista.

domingo, 23 de janeiro de 2011

É por aqui que se começa, pelas palavras simples


A previsível vitória de Cavaco Silva acabou por não ser esmagadora, ficando o Presidente aquém dos 53%. Como a abstenção subiu em relação a 2006 (os problemas causados pelo Cartão do Cidadão foram um verdadeiro fiasco), não terão sido muitos os votos ganhos por Cavaco que, por outro lado, não desiludiu aqueles que o escolheram há cinco anos. Dir-se-ia que os eleitores quiseram despachar já o assunto para evitar o horror de mais semanas de campanha. No discurso de vitória, Aníbal aproveitou para se banhar no sangue dos vencidos.

O resultado de José Manuel Coelho (cerca de 4,5%) não deixa de ser inquietante. Alguém que quase ninguém conhecia há um mês e fez uma campanha baseada em palhaçadas acabou por beneficiar do voto de protesto, dando a entender que basta alguém dizer que isto é uma choldra e são todos corruptos menos ele para atrair as atenções. No caso da sua Madeira natal, onde Coelho ficou perto de Cavaco, o PS local tem motivos para se preocupar, já que está longe de atrair a maioria do campo anti-Jardim.

Sobre Francisco Lopes, não há muito a dizer, para variar. Recebeu o apoio do eleitorado tradicional do PCP, que votaria no candidato indicado pelos comunistas mesmo que fosse a Pantera Cor-de-Rosa (apesar da cor do pêlo, é “filha” de Vasco Granja, que foi um militante fiel do Partido). Ao contrário do que Jerónimo de Sousa afirmou, num discurso mais previsível que as novelas da TVI, o PCP não aproveita muito bem o descontentamento social.

Fernando Nobre sente-se feliz. Assumido candidato “anti-sistema”, beneficiou do descontentamento cada vez maior com a III República e conquistou muitos dos potenciais apoiantes de Manuel Alegre (ao ver as projecções das 20.00, o primeiro pensamento de Mário Soares foi certamente “Justiça de Deus grande!”). Durante o apuramento das últimas freguesias, localizadas nos grandes centros urbanos, a percentagem total do candidato do PSD foi-se reduzindo, como é habitual longe do antigo “oceano de ruralidade”, mas a de Alegre quase não se alterou. Nobre foi o escolhido por parte significativa da classe média urbana. Agora, para além de continuar a presidir à AMI com o valor que se conhece, o Dr. Nobre terá bem maior audiência para os seus “gritos de rato” sobre a situação mundial.

Manuel Alegre perdeu. A aura de derrotado que captou fez-se sentir até ao falar durante os intervalos publicitários das televisões, que não deixaram de sublinhar a solidão a que o PS o condenou. Não era nada disto que o poeta esperava há um ano, mas deu o seu melhor durante a campanha. Um grande abraço para ti, Manuel.

Vale a pena tratar desse?


O Moderno Dicionário da Língua Portuguesa (Círculo de Leitores, 1985), coordenado por José Lencastre Cabral, inclui uma inesperada entrada, no volume 2, sobre o período da História conhecido por PREC. Não é possível determinar com exactidão o autor do texto, já que a obra não especifica qual dos responsáveis pelas “definições científicas e técnicas” assegurou as categorias de política e história. A definição presente no dicionário é a seguinte:

Prec, s.m. (sigla de Processo Revolucionário em Curso – P.R.E.C.). Polít. Conjunto de fenómenos políticos e sociais que caracterizaram a sociedade portuguesa no período compreendido entre 28 de Setembro de 1974 e 25 de Novembro de 1975. O início corresponde ao suposto golpe da maioria silenciosa, de características marcadamente de extrema-direita, que não chegou a realizar-se. Seguiram-se três governos provisórios, durante os quais se registaram as conquistas populares: ocupações de terras, de casas, de empresas, que passam a ser geridas pelos trabalhadores, após abandono ou fuga dos patrões, e as nacionalizações, num profundo movimento desagregativo da estratificação económica e social de um país que se vê cindido pela bipolarização política. Verifica-se um “pico” a 11 de Março de 1975, com nova tentativa putchista abortada, e o apogeu no Verão quente do mesmo ano, com o sequestro dos deputados da Assembleia Constituinte. Otelo Saraiva de Carvalho (chefe do COPCON) e Vasco Gonçalves (primeiro-ministro), foram as personalidades mais em evidência neste período que veio a terminar com o golpe de 25 de Novembro, liderado pela facção moderada, de cariz conservador, do MFA (Grupo dos Nove).”

sexta-feira, 21 de janeiro de 2011

Já temos o nosso homem de volta


Também no livro Campanha Eleitoral na TV/1976, podemos encontrar a transcrição do tempo de antena do MRPP emitido na RTP às 21.00 de 8 de Abril. O espaço é preenchido sobretudo pela intervenção do secretário-geral do partido, Arnaldo Matos:

“ (…) Ainda agora, quando entramos nos estúdios desta televisão, nos fazem um certo número de propostas que mostram bem como estas eleições são uma farsa bizarra, de uma democracia bizarra. Pretendem que os nossos militantes hão-de caracterizar-se e submeter-se a todas as espécies de maquilhagens para que vocês, que são o povo em (sic) que se pede que concedam o voto à política da coligação e da traição, possam gostar não do que dizem as pessoas, mas da cara que elas apresentam, no facto de serem mais ou menos atraentes. As mulheres do povo e os homens do povo têm carácter e não precisam de caracterização.
A nossa camarada que abria este programa (Violante Saramago Matos), que foi submetida a brutalidades e barbaridades fascistas pela PIDE, não é evidentemente a cara agradável que as câmaras vão mostrar, a despeito de ter o seu ar sereno e a sua graciosidade de mulher do povo. O nosso partido não colabora nessas farsas nem nessas falsidades. (…)”

quarta-feira, 19 de janeiro de 2011

Giro, giro, é ir ao Quénia ver os bichos à solta


A FPF realiza amanhã de manhã uma sessão de formação, o “Dia do Guarda-Redes”, na Escola do 2º e 3º Ciclos dos Pombais, em Odivelas. A iniciativa, que visa promover a adesão dos alunos a uma posição no campo para que poucos jogadores se oferecem (mas é fundamental no futebol e no futsal), contará com a presença de Paulo Bento e dos treinadores de guarda-redes de várias selecções nacionais.

Quando eu fui estudante nos Pombais, entre 1994/95 e 1998/99 (anos do pentacampeonato portista), as instalações da escola para a prática desportiva dos alunos não eram as melhores. Infiltrações e falta de condições de segurança nos balneários levavam a frequentes interrupções das aulas de Educação Física. Não existia um ginásio, recorrendo-se a duas salas adaptadas à ginástica onde eram colocados colchões e o restante material. A vastidão do terreno ocupado pela escola permitia, no entanto, a existência de três campos de jogos multiusos, um dos quais mais amplo que os outros. É precisamente nesse que se situa actualmente um relvado sintético, apto para desafios de futebol de sete. Não sei como evoluíram as restantes instalações desportivas da escola, cuja paisagem envolvente se transformou profundamente numa década, devido à construção do complexo desportivo do Odivelas FC, do Pavilhão Multiusos e das urbanizações das Colinas do Cruzeiro e do Porto Pinheiro.

segunda-feira, 17 de janeiro de 2011

O grilo do Pinóquio era meu avô


O livro Campanha Eleitoral na TV/1976 (Ediguia, 1976) reproduz os textos lidos nos tempos de antena da campanha para as eleições legislativas de 1976. Com a duração de 10 minutos, os programas dos vários partidos não tinham grande arrojo técnico, limitando-se a intervenções de um ou mais dirigentes perante as câmaras da RTP. No caso dos tempos de antena do maoísta PCP (M-L), a principal preocupação era criticar os “sociais-fascistas” do PCP de Álvaro Cunhal, ligado ao “social-imperialismo” soviético. O líder do PCP (M-L), Heduíno Vilar, destacava os problemas existentes nos países do Leste europeu. Num discurso exibido a 17 de Abril, Vilar (nome da clandestinidade que substituíra o original Gomes) afirma: “O socialismo de Cunhal é também a deseducação das massas, com livros colonialistas e obscurantistas, como, por exemplo, “Volamse Eusébio”, ou seja, “Meu Nome É Eusébio”, livro editado na Checoslováquia e do qual vos apresento este precioso exemplar.”
Diga-se que a presença de uma biografia de Eusébio no mercado checoslovaco é compreensível pelo rasto de admiração deixado pelo Pantera Negra no jogo disputado em Bratislava a 25 de Abril de 1965, no qual Eusébio fez o golo da vitória portuguesa sobre a equipa da casa, decisiva no apuramento da selecção lusa para o Mundial de 1966.

Tens mais pistácios?


Há poucos dias, as personagens da telenovela Espírito Indomável (TVI) celebraram a passagem de ano e o início de 2011. No entanto, verificou-se no episódio de ontem um salto temporal de quatro meses, ou seja, de Janeiro para Maio de 2011. Portanto, a acção da novela decorre agora no futuro. As personagens já sabem os resultados das presidenciais, quem será o próximo presidente do Sporting, se A Rede Social ganhou o Óscar de Melhor Filme e podem até já ter assistido à festa do campeão nacional de futebol. Esta aposta da TVI na ficção científica não deixa de ser pioneira.

sábado, 15 de janeiro de 2011

Além de ver a paisagem tenho que fazer xixi

A iniciativa de A Bola ao promover uma votação acerca da melhor equipa de futebol de sempre é muito interessante. Entre os 15 nomeados, encontram-se 9 clubes (todos europeus) e 6 selecções, cujo pico de forma ocorreu já depois de 1950. Não tenho nenhuma escolha definida, embora tenha gostado muito da França de 2000 e do FC Porto de 2004.

quarta-feira, 12 de janeiro de 2011

O dinossauro bocó

O Merelinense FC, um clube do concelho de Braga que disputa a Zona Norte da II Divisão B, conseguiu, ao derrotar o Varzim por 2-1, aceder aos quartos-de-final da Taça de Portugal. A página da Wikipedia em  português dedicada ao Merelinense, actualizada pela última vez em 30 de Dezembro de 2010, apresenta um breve resumo da história da colectividade que agora saltou para a ribalta:

 "O clube foi fundado em 500 AC por Messias e Ulisses e o seu presidente actual é o bomboca. Na época de 2005-2006, a equipa de futebol de séniores participou na liga dos campeões da Ásia tendo alcançado um modesto segundo lugar, tendo perdido apenas na final contra a Associação desportiva do Fundão. Mas na temporada 2006-2007, a equipa de futebol séniores alcançou um feito inédito nunca antes conseguido por esta formação, ganharam um freeroll no maxigrula conseguindo assim participação na Liga de Apoio contra o Cancro do Colo do Utero. Juntamente com eles foram tambem RKC Hull City e um móvel de pinho manso. E também é de louvar que na presente época vai haver eleições antecipadas porque bomboca fugiu para parte indeterminada após um bruxo de feira anunciar o holocausto. Com candidatura já anunciada estão rukia, manteigueiro e nhunho, com as sondagens a darem larga vantagem a nhunho devido a sua grande capacidade de falar com mortos herdada do pai."

terça-feira, 11 de janeiro de 2011

Se for preciso lutaremos para não ser livres


Como recordou recentemente, Cavaco Silva praticou atletismo na sua juventude. Mais concretamente, durante a licenciatura, tendo-se inscrito no CDUL e especializado nas provas de barreiras. Em 1962, Aníbal participou na final nacional dos 110 metros barreiras, em Alvalade. Aproveitando a ausência dos atletas do Benfica (em conflito com a Federação), o jovem algarvio obteve o segundo lugar. Por seu turno, Manuel Alegre (oriundo de uma família com tradições no desporto), além dos treinos de tiro e da prática da caça, distinguiu-se na natação. Em O Miúdo que Pregava Pregos numa Tábua (D. Quixote, 2010), Alegre relembra o título de campeão regional do Porto, obtido quando estudava no Liceu Alexandre Herculano. Mais tarde, integrado na equipa da Associação Académica de Coimbra, Manuel disputou na piscina da Praia das Maçãs a prova nacional de 200 metros livres. Apesar dos nadadores do Algés e Dafundo possuírem melhores condições de treino que garantiam uma maior resistência, o atleta da AAC conseguiu manter-se no comando até ao fim.

Ao nível do futebol, Cavaco nunca mostrou grande interesse pelo desporto-rei, embora seja “obrigado”, como os seus antecessores na Presidência, a entregar a Taça de Portugal e assistir a várias partidas da selecção nacional. O clube que lhe merece maior simpatia é o algarvio Olhanense. Alegre é adepto do Benfica, além de manter uma ligação sentimental à Académica de Coimbra. Na obra do escritor, são frequentes referências ao futebol, como no poema sobre Luís Figo que levou o jogador a dizer “Eu não gostei, adorei”. Durante o Euro 2004 e o Mundial de 2006, Alegre escreveu crónicas depois reunidas em O Futebol e a Vida (D. Quixote, 2006). 

Não disponho de informação sobre as ligações ao desporto dos outros candidatos às presidenciais.

Somos o primeiro a chegar


O Templário, 13 de Agosto de 1976

O Diário, da manhã, opina em artigo de fundo: Carlos Lopes ganhou a medalha de prata nos Jogos Olímpicos porque o secretário de Estado dos Desportos é Silva Graça.
Isto é, quando o responsável pelos desportos for comuna, há medalhas… Médico falhado, rapaz recalcado, comunista realizado, Silva Graça tem, pelos modos, vocação para ilusionista: fabrica medalhas. É tudo tão ridículo…” (p. 2)

segunda-feira, 10 de janeiro de 2011

Os soldados, nosso povo armado


Super Foot, Setembro de 2003

Carta de Nick Oldham (Inglaterra)

“A todos os sportinguistas e portugueses, um grande MUITO OBRIGADA… por nos darem o incrível Ronaldo. Este jovem está decidido em conquistar a imaginação e os corações dos adeptos do Manchester United espalhados pelo Mundo. Ele vai ser maior e ainda melhor do que as “lendas” agraciadas com a camisola número 7 de Old Trafford, até mesmo George Best!!! Damos as boas vindas a Ronaldo com os braços abertos!!!” (p. 9)

sábado, 8 de janeiro de 2011

Cheiras mesmo como o meu pai, meu amor


Em 1999, a propósito do 25º aniversário do 25 de Abril, o jornal Público (onde a direcção de José Manuel Fernandes dedicou sempre uma especial atenção à banda desenhada) promoveu o projecto “Liberdade e Cidadania, 25 de Abril, 25 Anos, 25 Autores”. A iniciativa, que daria origem a uma exposição na Cordoaria Nacional, consistiu na publicação de histórias de BD de 25 autores portugueses com a Revolução dos Cravos e o período posterior como tema comum. Ao longo desse ano, os 25 trabalhos, cada um dos quais dividido em 10 partes, surgiram diariamente na penúltima página do Público. Entre os participantes encontravam-se autores como Alain Corbel, Alice Geirinhas, Ana Cortesão, André Carrilho, Cristina Sampaio, João Fazenda, Jorge Mateus, Nuno Saraiva, Pedro Brito e Pedro Cavalheiro. Gostaria de saber se alguém conhece a lista completa dos criadores ou a referência da publicação em livro das histórias de Abril.

sexta-feira, 7 de janeiro de 2011

Ides sofrer como cães


Tempo, 3 de Março de 1977

António A. Duarte: “ (…) Quem apoia o “rock” português? Quem tem o “atrevimento” necessário para atirar para a frente com um bom conjunto de agrupamentos – que os há, mais do que se pode julgar – onde há muito talento e falta de dinheiro para aparelhagem e instrumentos?
O “rock” não pode continuar a ser, no nosso país, um subproduto marginalizado, condenado a viver nos “bas-fonds” da cultura nacional. É preciso agitá-lo e agitar o nosso meio musical que navega em águas paradas. (…)” (p. 25)

segunda-feira, 3 de janeiro de 2011

Mas que olhos tão redondos...


Tempo, 14 de Agosto de 1975

David Sequerra: “No acanhado “palco” do desporto feminino, em Portugal, movem-se tenuemente meia dúzia de silhuetas, talvez promissoras, seguramente graciosas, relativamente válidas, mas, em todos os casos, de acabrunhante mediocridade à escala mundial.
(…) Sob “holofotes” de fraca intensidade movimentam-se nesse acanhado “palco” figuras como as duas irmãs Manuela e Conceição Alves (vindas de Moçambique), a nortenha Rosa Mota, a esbelta e desenvolta Maria José Sobral, as nadadoras Dulce Gouveia (também de Moçambique), Ana Chocalhinho, Liliana Santos (vinda de Angola), Luísa Cavaleiro Madeira, Vilma Naldo, as manas Mendes da Silva, a luso-japonesa Ana Yokoshi e… quem mais? Quem? (…)” (p. 15)

Nesta casa não sou mais que um estranho


Na revista Super Foot de Janeiro de 2004, o músico Toy, adepto do Vitória de Setúbal, relembra um desafio ocorrido na sua infância entre o VFC e o Spartak de Moscovo: “o que mais estranhei naquele dia foi a entrada da equipa adversária e o ter sido aplaudida de pé” (p. 54). A reacção do público no Estádio do Bonfim explica-se pelo facto do Spartak, adversário dos sadinos na segunda eliminatória da Taça UEFA de 1971/72, ser a primeira equipa soviética a jogar em Portugal, com o entusiasmo dos espectadores a constituir uma manifestação contra o Estado Novo. Após um empate a zero em Moscovo, os comandados de José Maria Pedroto iriam bater os visitantes por 4-0, assegurando a passagem à eliminatória seguinte.

Membro do Conselho Vitoriano, um órgão consultivo do VFC, Toy expressa na mesma entrevista o seu descontentamento pela atribuição do cargo de seleccionador nacional a um estrangeiro, o brasileiro Luiz Felipe Scolari, numa altura em que um treinador português (Carlos Queiroz) dirige o Real Madrid. Nas palavras do cantor, “não gosto de dar prazer à minha mulher com o sexo de outro homem. Tem que ser com o meu, mesmo que seja pequenino e mal comportado! Isto é uma forma de eu dizer que, para ser campeão da Europa, gostava que fosse com um treinador que soubesse cantar o hino nacional.” (p. 55)