Encontrar algo útil no meio da tralha é parte essencial do trabalho de um historiador.

domingo, 26 de fevereiro de 2012

Já cheira a cadáver

No último programa de Gato Fedorento Esmiúça os Sufrágios, o jornalista Júlio Magalhães ofereceu provocatoriamente a Ricardo Araújo Pereira um exemplar da obra para crianças que “Juca” escreveu em conjunto com Fernando Norton de Matos (Paulo Martins Bastos foi o ilustrador), O Meu Primeiro Livro do FC Porto – Toques de Campeão (Prime Books, 2005). O livro, destinado por RAP ao fogo da lareira, tem a curiosidade de, ao abordar as origens do FC Porto, desviar-se ligeiramente da versão oficial adoptada pela direcção do clube:

“O Foot-Ball Club do Porto é imaginado pelo comerciante Nicolau de Almeida, em 1893, intenção assinalada através de dois desafios com o FC Lisbonense. A ideia é retomada, e concretiza-se treze anos depois, por José Monteiro da Costa, afinal o fundador e primeiro presidente.” (p. 6)

Tal não significa da parte dos autores qualquer desconsideração pelo actual presidente do FCP, Jorge Nuno Pinto da Costa, “amado e idolatrado pelos adeptos do FC Porto” (p. 10) e considerado um excelente dirigente pelos adversários. Pinto da Costa é apontado como o principal responsável pelos êxitos portistas das últimas três décadas. Na sua síntese da história do clube portuense, O Meu Primeiro Livro… preocupa-se em mostrar aos jovens “dragões” que muitos fracassos ocorreram no passado, mas tudo se alterou a partir de 1974. Deixa-se implícito que, antes do 25 de Abril, “era difícil, não se chamando Benfica, ser campeão em Portugal” (p. 18), como o “caso Calabote” prova. Os clubes de Lisboa, e o SLB em particular, seriam favorecidos pelo poder central durante a ditadura.

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