Como único deputado
da UDP eleito nas legislativas de 1976, Acácio Barreiros multiplicou-se em
intervenções no Parlamento, celebrizando-se pelo bigode (embora mais comum
nessa época) e pela violência dos seus discursos. Além de criticar a direita e
os primeiros governos constitucionais, Barreiros tinha como alvo privilegiado a
bancada do PCP, por si denominado “grupo burguês contra-revolucionário de
Cunhal”.
A 30 de Julho de
1976, Barreiros leu na Assembleia da República as conclusões da última reunião
plenária do Comité Central do Partido Comunista Português (Reconstruído),
organização através da qual os maoístas pretendiam compensar o revisionismo em
que o PCP original teria caído. O Diário da Assembleia da República
(reproduzido em Intervenções
Parlamentares de Acácio Barreiros, Lisboa, Assembleia da República, 2007,
pp. 46-52) registou o discurso do deputado da UDP e os comentários feitos por
alguns dos seus colegas do PCP. Ouvindo os ataques de Barreiros, Jerónimo de
Sousa, Francisco Miguel, Aboim Inglês e Vital Moreira fizeram apartes como
“Nunca te vi à frente da luta dos trabalhadores”, “Onde é que passaste a
vida?”, “Não tens nada a ver com a classe operária”, “Cala-te, provocador”, “És
um agente da burguesia”, “És um aldrabão, pá!”, “O homem está nervoso!” ou “És
a vergonha do bacharelato”. Vasco da Gama Fernandes, então presidente da AR,
teve de apelar à contenção dos comunistas, pedindo “compreensão e um pouco de
silêncio”. Nem sempre Fernandes se mostrava tolerante para com a oratória de
Acácio Barreiros, repreendido noutra ocasião pelo presidente da AR por ter
chamado “gangster” ao embaixador dos Estados Unidos, Frank Carlucci.
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