Encontrar algo útil no meio da tralha é parte essencial do trabalho de um historiador.

sexta-feira, 13 de janeiro de 2012

Quanto mais o tempo passa, mais hipóteses de ressaca

Em Abril de 1959, o jornal Diário do Norte, dirigido por Alexandre Cal, publicou um número especial comemorativo do 70º aniversário de António de Oliveira Salazar. Além de textos escritos por figuras do Estado Novo e numerosas mensagens de saudações ao estadista enviadas por Casas do Povo, sindicatos nacionais e autarquias, a edição inclui fotografias (algumas delas da autoria de António Rosa Casaco) que procuram retratar as várias facetas públicas e privadas do homem que governava Portugal. Uma das páginas da publicação é dedicada ao tema “Salazar e o Desporto”, a propósito do qual surgem quatro imagens. As legendas são “O Presidente do Conselho interessa-se pelas coisas do desporto. Testemunham-no as fotografias desta página. Expressiva a sua atitude ao receber a equipa de hóquei em patins, vencedora em Montreux” e “A sua presença na inauguração do grandioso Estádio 28 de Maio, em Braga, documentada, expressivamente, nas três restantes fotografias desta página”. É curioso que os propagandistas do salazarismo procurem apresentar o Presidente do Conselho como um adepto do desporto (Ayala Botto escreveu Salazar e o Desporto), com vista à valorização da imagem do ditador, independentemente do que este realmente pensasse acerca das actividades atléticas.  

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