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sábado, 21 de abril de 2012

Assim, o Fanô não poderá voltar a roubá-las

Diário de Notícias, 18 de Abril de 1943

“Porto, 17 – Realizou-se ontem, no Tribunal Militar Territorial desta cidade, o julgamento do agente da Polícia de Vigilância e Defesa do Estado Leonel Laranjeira, acusado como autor da morte do Dr. António Carlos Ferreira Soares, caso ocorrido em 4 de Julho de 1942, no concelho de Vila da Feira. No decurso do julgamento ficou exuberantemente demonstrado que a vítima, além de condenado à revelia na pena de quatro anos de prisão, era um perigoso agente comunista internacional e ainda que o agente incriminado, depois de tentar prendê-lo, foi por ele agredido.
Na luta estabelecida entre ambos o agente da autoridade teria sido morto se não se defendesse a tiro. O promotor de justiça pôs em evidência que a acusação carecia de elementos para proceder.
O advogado do réu, sr. dr. Ângelo César, começou por exaltar o significado moral e político do julgamento, sublinhando a circunstância de um caso que legitimamente bem poderia ser arquivado em corpo de delito ter sido entregue á acção da Justiça. Classificou o julgamento como um facto honroso para a história da justiça do Estado Novo.
Relembrou, em evocação justa, o grande número de mártires da política portuguesa vitimados por agentes comunistas. Sobre os factos demonstrou que a acção do agente foi tão legítima como a do bombeiro que, para apagar um incêndio, tem de danificar e cortar a machado o que impedir a sua acção.
O Tribunal por unanimidade considerou legítimo e imposto pelas circunstâncias o procedimento do réu, que, por isso, foi absolvido.” (p. 5)

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