Encontrar algo útil no meio da tralha é parte essencial do trabalho de um historiador.

terça-feira, 15 de maio de 2012

Ó senhor primeiro-ministro, está ali um pavão

O novo livro de Miguel Sousa Tavares, A História Não Acaba Assim (Clube do Autor, 2012), é uma colectânea de artigos de comentário político publicados entre 2005 e 2012 nos jornais Público e Expresso. Nos textos promocionais da obra, uma das qualidades do autor destacadas é a sua independência de qualquer grupo ou associação, que lhe permite falar e escrever sem pressões ou constrangimentos. Todavia, cai-se no erro de afirmar que Sousa Tavares não está ligado a nenhum “clube desportivo”. Na verdade, como adepto portista, mesmo que não sócio, o escritor “pertence” ao FC Porto. De facto, tão ou mais interessante que a compilação dos textos políticos de Sousa Tavares seria a consagração de uma obra à sua coluna “Nortada”, publicada às terças-feiras no diário desportivo A Bola.

Como A Chama Imensa, de Ricardo Araújo Pereira (Sousa Tavares teve com RAP e Zé Diogo Quintela polémicas nada amigáveis que culminaram com a saída dos humoristas das páginas de A Bola), veio mostrar, o sectarismo e a análise da realidade de acordo com a perspectiva de um dado clube produzem artigos de opinião bastante expressivos, acutilantes e de acentuada relevância histórica. Em “Nortada”, Miguel Sousa Tavares tem sobretudo defendido os interesses do FC Porto, não sendo a imparcialidade, de resto, pretendida pelos responsáveis do jornal quando convidaram o cronista. Apesar disso, as crónicas futebolísticas de Sousa Tavares revelam personalidade própria. O autor, com elevados níveis de exigência quanto à qualidade de jogo da equipa portista, criticou várias vezes as opções de Pinto da Costa e, durante a temporada que agora termina, zurziu continuamente o treinador Vítor Pereira.

Sem comentários:

Enviar um comentário