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sábado, 23 de julho de 2011

Café, café, preciso de ti

O livro Regras de Futebol de Cinco (Serviço de Publicações da Mocidade Portuguesa, 1968), da autoria de José Guerreiro Correia, inspector dos Serviços de Educação Física da MP, surge numa altura em que a variante do futebol actualmente conhecida por futsal é ainda uma novidade em Portugal, proliferando os torneios particulares antes da regulamentação e oficialização da modalidade pela FPF. No entanto, as normas definidas por Guerreiro Correia não encaram o futebol de cinco como um desporto em si mesmo, mas apenas como futebol de 11 em terreno reduzido, que exige menos condições e equipamentos. Os recintos de “handebol de 7”, já “em número considerável” (p. 11), seriam utilizados para a iniciação das crianças em idade escolar (as regras destinam-se essencialmente aos escalões de infantis e iniciados) no futebol. As faltas dos jogadores deveriam ser punidas com pontapés livres ou de grande penalidade (neste caso, “Qualquer das equipas pode ser punida com grande penalidade, independentemente do local onde tenha sido cometida a falta, se esta for julgada, pelo árbitro, suficientemente grave para o efeito”, p. 27), na cobrança dos quais o jovem futebolista não poderia tomar um balanço superior a 3 metros.

Na introdução, o autor refere que muitos professores de Educação Física resistem a ensinar aos alunos futebol, devido ao medo das características desse desporto de massas profissionalizado. Contudo, Guerreiro Correia considera que a atracção das crianças pelo “fenómeno social dos nossos dias” que é o futebol pode ser aproveitada para lhes incutir “uma perspectiva de desporto mais válida” (p. 6). Os primeiros pontapés na bola serviriam não para detectar novos talentos mas para difundir entre os alunos um “excelente meio de educação” (p. 7). O futebol de cinco, praticável nas escolas devido às dimensões reduzidas do seu terreno de jogo, constituiria uma fase de transição para o futebol de 11.

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