Encontrar algo útil no meio da tralha é parte essencial do trabalho de um historiador.

segunda-feira, 12 de setembro de 2011

Odivelas tem a solução para os dejectos do seu cão

O artigo que o director do i, António Ribeiro Ferreira (n. 1950), publicou anteontem no seu jornal acabou por ser uma boa forma de recordar o 11 de Setembro e os efeitos que teve a nível cultural e ideológico. O editorial de Ribeiro Ferreira pode ser resumido em frases como “o Obama não tem tomates” e “porrada nos mouros, pá”, até porque o nível do discurso do jornalista não é muito superior a isso. Ribeiro Ferreira pode ser (não o conheço bem) uma pessoa geralmente sensata e ponderada, mas quando aborda a política internacional torna-se um “gajo de Alfama”.

Cabe aqui recordar que não é a primeira vez que o actual director do i se indigna com a suposta moleza ocidental em relação ao combate ao terrorismo e à defesa de Israel. Aquando do 11 de Setembro e de acontecimentos posteriores como a ofensiva israelita na Cisjordânia (2002) e a invasão do Iraque, Ribeiro Ferreira escreveu numerosos editoriais do Diário de Notícias (na altura, eram assinados e a sua autoria rodava). Defensor acérrimo das opções de Ariel Sharon e George W. Bush, o jornalista revelava asco pelos “pacifistas” e pela esquerda em geral, que considerava cúmplice do terrorismo e anti-semita. Qualquer hesitação na via militar contra os muçulmanos (perdão, os terroristas) significava cobardia. No contexto de “guerra” nas colunas de opinião da imprensa e na nascente blogosfera portuguesa que marcou os anos de 2002-2003 (o tema poderia dar um bom estudo académico), muitos autores exprimiram posições semelhantes, mas nenhum se aproximou da linguagem e do puro ódio dos textos de António Ribeiro Ferreira. O editorial de sábado passado revela, pelo menos, que o cronista se mantém coerente. No entanto, o discurso guerreiro do director do i surge cada vez mais isolado.

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