Num contexto de descida do número de bilhetes vendidos nos cinemas (embora não necessariamente das receitas de bilheteira, devido à expansão do 3D), os filmes dos realizadores portugueses não conseguem lutar contra a tendência. Em 2011, o conjunto das longas-metragens estreadas de origem nacional obteve menos de 70 mil espectadores nas salas de projecção, o valor mais baixo desde 2004 (quando começaram a existir estatísticas oficiais). De facto, faltou no ano agora concluído um sucesso comercial luso ao nível de Filme da Treta, Amália ou mesmo Contraluz. A obra de João Canijo que conquistou a crítica, Sangue do Meu Sangue, foi a película portuguesa mais vista, com cerca de 20 mil entradas vendidas.
Neste artigo, Jorge Pereira analisa a questão, mostrando a irrelevância comercial do nosso cinema (o caso dos filmes de Manoel de Oliveira roça o ridículo) e indo além da queixa frequente de que os realizadores portugueses não fazem obras a pensar no público para admitir que, na verdade, o público português também é um bocado estúpido, além de preconceituoso no que respeita aos produtos cinematográficos nacionais. Trata-se de uma constatação corajosa e credível, mas é preciso ter em conta o problema da distribuição das longas-metragens lusas, para lá do circuito dos festivais. Só as fitas mais “comerciais” (de preferência com Soraia Chaves no elenco), independentemente da sua qualidade, conseguem penetrar nos multiplexes que contribuem para padronizar o consumo de cinema pelos portugueses. A publicidade e divulgação mediática das produções nacionais também deixam geralmente muito a desejar (poucos terão reparado que filmes como O Barão, América ou Quinze Pontos na Alma estrearam). Trata-se de um conjunto de factores que reduzem a viabilidade comercial do cinema português.
Feliz Ano Novo!
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