Com um final bem piroso e lamechas como o amor deve ser, terminou a série televisiva americana Donas de Casa Desesperadas (Desperate Housewives), criada e produzida por Marc Cherry. Durante oito temporadas, os espectadores acompanharam o quotidiano em Wisteria Lane, particularmente as inúmeras peripécias das vidas das personagens interpretadas por Teri Hatcher, Felicity Huffman, Marcia Cross e Eva Longoria. Na função de quinta DCD, sucederam-se Nicolette Sheridan (“saneada” na quinta série), Dana Delany e Vanessa Williams.
Sem ser genial, Donas de Casa Desesperadas constitui um produto de sucesso baseado na combinação harmoniosa de elementos de comédia, drama, mistério e telenovela. Além desses géneros, os argumentistas conseguem cruzar quase sempre na perfeição as histórias das quatro protagonistas, sem destacar em excesso nenhuma delas. As técnicas utilizadas em cada temporada, como o segredo que é progressivamente revelado ou o episódio marcado pela tragédia (situado mais ou menos a meio da season) que altera o rumo da série, funcionam igualmente bem. No entanto, a sétima temporada revelou já algum desgaste, com ideias sucessivamente lançadas que depressa se esgotavam. Acabou por ser lógico que a oitava série fosse anunciada como a última, tendo-se conseguido acabar em bom nível, apesar da morte da personagem de James Denton ter sido “imposta” pelos interesses dos produtores. No conjunto, Donas de Casa Desesperadas será recordada como uma série bem concebida e interpretada que nos divertiu ao explorar o lado sombrio dos subúrbios.