Encontrar algo útil no meio da tralha é parte essencial do trabalho de um historiador.

domingo, 10 de junho de 2012

Parte os cornos a esse comuna!


O livro Porto 1987-2012: 25 Anos no Topo do Mundo. Factos, memórias e afectos (Afrontamento, 2012), coordenado por João Nuno Coelho, constitui uma recolha de crónicas escritas por um vasto conjunto de portistas (curiosamente, Miguel Sousa Tavares não colaborou na obra) a propósito de 25 jogos disputados pelo FC Porto entre a final de Viena, em 1987, e a de Dublin, no ano passado. Visando assinalar o inédito sucesso interno e externo do FCP no último quarto de século, o volume apresenta um conjunto de testemunhos de adeptos (algo de semelhante foi feito relativamente ao Benfica em Ser Benfiquista, coordenado por Luís Miguel Pereira), cada um com a sua história pessoal de ligação ao clube portuense.

Ao acompanharem os jogos do FCP que inspiraram as crónicas (geralmente partidas das competições europeias ou da Taça Intercontinental, duelos com o eterno rival Benfica e desafios que asseguraram a conquista de campeonatos nacionais), seja nos estádios, pela televisão ou mesmo pela rádio, os “dragões” que João Nuno Coelho desafiou vivem sentimentos ao mesmo tempo pessoais e comuns a toda uma “nação portista”, que se reúne em festejos inter-classistas nas ruas do Porto ou, distante das Antas e mais tarde do Dragão, vibra, em outras regiões ou continentes, com as vitórias “azuis e brancas”. A paixão clubista, um dos motores do futebol, é abordada com tudo o que, apesar (ou precisamente por causa) da sua irracionalidade, a torna parte da identidade dos adeptos e elemento de afirmação regional e nacional. Porque só algo muito poderoso pode levar pessoas “normais” a passarem por imenso sacrifício e sofrimento para depois esquecerem tudo isso quando a equipa de futebol que apoiam triunfa e as conduz à euforia.

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