Jornal da Mocidade Portuguesa de Moçambique, nº 15, Abril-Maio de 1949
Bruno dos Reis,
“Pensamentos”
“ (…) “Nós somos
assim”, escreveu um judeu ainda jovem (Rui
Knopfli), que vivia em Dezembro de 1948 na Palestina. Falou da beleza do
sacrifício dos seus irmãos de ideias, e não de ideais, porque esses deixaram de
possuir uma existência verdadeira.
Sim. Porque o jovem
judeu ao escrever aquelas linhas, possuído da convicção de que elas eram
verdadeiras, enganou-se a si próprio e a muitos como ele, jovens também, que
pensam emocionalmente, mas não aqueles que meditam com inteligência. Porque
estes, sabem que existe uma elevada percentagem de judeus que preferem
continuar a amealhar, a pegar em armas em defesa de ideais que para eles não
existem. Porque, para eles, apenas existe a ideia do dinheiro. E quem possui
amarras económicas não pode de forma alguma possuir ideais, sejam eles de que
natureza forem.
Esta é a verdade. E
é-me bastante doloroso verificar que um jovem judeu – eu supunha-o e continuo a
supô-lo inteligente, caso contrário não perderia tempo a pensar naquilo que ele
escreveu – possa acreditar numa possível unidade dos judeus seus irmãos.
Era preferível que
afirmasse: “Nós os judeus estamos condenados a morrer judeus…” (…)” (p. 16)
(No nº 16, de Julho-Agosto
de 1949, Rui Knopfli responde no artigo “Carta aberta ao Sr. Reis”)
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