Encontrar algo útil no meio da tralha é parte essencial do trabalho de um historiador.

terça-feira, 25 de setembro de 2012

No meio da emoção electrificada do terceiro anel



Jornal da Mocidade Portuguesa de Moçambique, nº 15, Abril-Maio de 1949

Bruno dos Reis, “Pensamentos”

“ (…) “Nós somos assim”, escreveu um judeu ainda jovem (Rui Knopfli), que vivia em Dezembro de 1948 na Palestina. Falou da beleza do sacrifício dos seus irmãos de ideias, e não de ideais, porque esses deixaram de possuir uma existência verdadeira.
Sim. Porque o jovem judeu ao escrever aquelas linhas, possuído da convicção de que elas eram verdadeiras, enganou-se a si próprio e a muitos como ele, jovens também, que pensam emocionalmente, mas não aqueles que meditam com inteligência. Porque estes, sabem que existe uma elevada percentagem de judeus que preferem continuar a amealhar, a pegar em armas em defesa de ideais que para eles não existem. Porque, para eles, apenas existe a ideia do dinheiro. E quem possui amarras económicas não pode de forma alguma possuir ideais, sejam eles de que natureza forem.
Esta é a verdade. E é-me bastante doloroso verificar que um jovem judeu – eu supunha-o e continuo a supô-lo inteligente, caso contrário não perderia tempo a pensar naquilo que ele escreveu – possa acreditar numa possível unidade dos judeus seus irmãos.
Era preferível que afirmasse: “Nós os judeus estamos condenados a morrer judeus…” (…)” (p. 16)

(No nº 16, de Julho-Agosto de 1949, Rui Knopfli responde no artigo “Carta aberta ao Sr. Reis”)

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