Encontrar algo útil no meio da tralha é parte essencial do trabalho de um historiador.

domingo, 2 de dezembro de 2012

Ele até comeria um comunista



O clássico humorístico As Lições do Tonecas (Livrolândia, 1988), de José de Oliveira Cosme, reúne diálogos representados no Rádio Clube Português nas décadas de 30 e 40, que depois inspirariam a série televisiva com Luís Aleluia e Morais e Castro (a RTP promoveu outras adaptações de antigos programas cómicos de rádio, como Zequinha e Lelé e Patilhas e Ventoinha, sem o mesmo sucesso). A obra de Oliveira Cosme, figura importante da rádio, banda desenhada e literatura infantil portuguesas do século XX, baseia-se sobretudo no desenvolvimento do trocadilho, com algumas referências à realidade social da época. No caso do futebol, encontra-se o seguinte excerto no texto “Uma lição de Geografia” (onde o Professor identifica a Itália como uma monarquia constitucional):

“Professor — (…) Ora, em Espanha, há mais cidades importantes, não há? (…) Zamora, menino! Nunca ouviu falar em Zamora?...
Tonecas — Já sim, senhor professor. Foi o melhor guarda-redes do Mundo…
Professor — Ó menino! Nós não estamos a tratar de futebol… Tratamos de Geografia… Zamora é uma cidade espanhola da província de Leão
Tonecas — E eu também, senhor professor!
Professor — O quê? O menino também é cidade?
Tonecas — Não sou cidade, mas sou “leão” e com muita honra, senhor professor!
Professor — E ele a dar-lhe com o futebol!... Naturalmente, é por isso que o menino dá tantos pontapés na Gramática… (…)” (p. 165)

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