No dia 25 de
Novembro, foi lançado no ambiente opressivo da Fnac Chiado o novo livro de
Fernando Rosas, Salazar e o Poder. A Arte
de Saber Durar (Tinta da China, 2012), que procura responder a uma questão
(apenas) aparentemente simples: porque durou o Estado Novo tantos anos? Para lá
de factores como os apoios que Salazar recebeu (da Igreja, das elites
económicas, etc.) e a violência preventiva e repressiva, Rosas destaca a
relevância da obediência das Forças Armadas ao regime, mesmo nas fases mais
difíceis para este. O controlo das chefias militares que Salazar assegurou a
partir da década de 30 foi essencial para a estabilidade da ditadura (que
cairia por acção dos oficiais intermédios), até porque era precisamente a força
armada que faltava às oposições para derrubar o Estado Novo.
A propósito dos
episódios que, durante o lançamento do ensaio, Fernando Rosas e José Pacheco
Pereira contaram com o objectivo de retratar a omnipresença do medo no Portugal
de Salazar, e tendo em conta quer o desenvolvimento que a literatura
autobiográfica (como as obras de memórias editadas pela Alêtheia) conhece actualmente
quer a riqueza do percurso político e profissional de Rosas, seria interessante
se o historiador resolvesse escrever sobre a sua experiência pessoal, ou pelo
menos parte dela. No entanto, a falta de aptidão para a biografia que Rosas
confessa na introdução de Salazar e o
Poder e a afirmação de Pacheco Pereira segundo a qual a obra do presidente
do IHC é uma história não propriamente narrativa mas sobretudo problematizante
tornam pouco provável a hipótese de Rosas abordar a sua própria vida como
objecto de estudo.
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