Tudo começou há muito tempo atrás, na ilha do Sol, quando eu tinha uns cinco anos e me veio parar às mãos, não sei como, um brinquedo (uma espécie de moinho) com os símbolos “1X2” do Totobola e o emblema do Futebol Clube do Porto. Os meus familiares não se interessavam por desporto, sendo inexistente qualquer doutrinação clubística. No Outono de 1992, quando compreendi o que era o futebol, a escolha do FC Porto acabou por ser natural. Comecei a ler jornais desportivos, a revista Dragões (o que será feito dela, que há muito não a vejo nas bancas?) e algumas sínteses da história do futebol português. O campeonato de 1992/93 foi o meu primeiro. Chorava com as derrotas e vibrava com as vitórias da equipa azul e branca, onde o jovem guarda-redes Vítor Baía iniciava o seu percurso de glória. A passagem do tempo e a acumulação dos deveres escolares levaram-me a um maior distanciamento. De qualquer maneira, quase tudo corria bem, dentro de portas, a um FCP rumo ao pentacampeonato. Na escola, a ligação ao clube das Antas servia para me distinguir do predomínio Benfica/Sporting, que dificilmente aceitava alternativas. Aprendi então a mentalidade “nós contra o resto do país” que fortalece a mística portista, tal como a saborear os sons do silêncio nas ruas de Odivelas quando o FCP ganha mais um campeonato ou Taça de Portugal.
Em termos históricos, não deixa de ser cativante o percurso de um clube que sofre décadas de fracassos e desprezo dos adversários para um dia se levantar do chão (ou melhor, da relva) e conseguir tornar-se a potência dominante. Claro que duvido que eu usasse um cachecol azul e branco se tivesse nascido dez anos mais cedo. Os sucessos quase ininterruptos do FCP contribuíram para alargar a sua base de apoio e retirar, em certa medida, a carga regional associada ao emblema portuense. Sem nunca esquecer o solo nortenho onde nasceu, hoje o FC Porto é de Portugal.
Sem comentários:
Enviar um comentário