Encontrar algo útil no meio da tralha é parte essencial do trabalho de um historiador.

sexta-feira, 24 de junho de 2011

Papa desmaiou ao ler o relatório

Em Março de 1975, a editora Avante publicou um pequeno livro de BD, Pela Madrugada, incluindo uma história de 11 páginas acerca da resistência à ditadura. Não são identificados os autores do texto e do desenho (o traço parece demasiado tosco para ser de Álvaro Cunhal) daquele que deveria ser o primeiro volume de uma “Série Banda Desenhada”. Ignoro se esta colecção teve continuidade, já que não há registos dela no catálogo da Biblioteca Nacional. Quanto à narrativa de Pela Madrugada, centra-se na deslocação de quatro agentes da PIDE ao prédio onde reside um jovem comunista, que pretendem prender. A resistência do activista e o barulho feito pelos “pides” atraem uma multidão à qual o jovem pede ajuda. A turba agride os agentes, permitindo que o resistente fuja e escape à prisão. Antes das pranchas, o seguinte texto adverte os leitores:

“Com o conto desenhado Pela Madrugada, Edições “Avante!” dão início em Portugal a uma nova forma de divulgação de obras literárias de valor.
Pela Madrugada é uma história vivida vezes sem conta no meio século de perseguições, torturas e prisões a que foram submetidos os melhores filhos do povo português. O autor literário é seguramente um antigo funcionário clandestino do Partido Comunista Português (cujo nome não foi possível por enquanto averiguar) e que por essa razão se encontrava entre aqueles que com mais firmeza, abnegação e sacrifício resistiram à opressão fascista e lutaram pela liberdade e pelo povo português.”

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