Encontrar algo útil no meio da tralha é parte essencial do trabalho de um historiador.

sábado, 20 de agosto de 2011

Amor pelas nossas coisas e Fé num Deus Superior

O livro Vocês Sabem do que Estou a Falar (Livros d’Hoje, 2008), de Octávio Machado, enriquece o conjunto de obras autobiográficas sobre figuras do futebol português que tem sido reunido. Em parágrafos que reproduzem muitos diálogos, Octávio (além do título do livro, o bordão do seu boneco no Contra-Informação era “Trabalho, muito trabalho”, reflectindo os métodos rigorosos e disciplinadores do treinador) fala-nos da luta solitária de um herói (o autor), modelo de honra, dignidade e frontalidade, contra numerosos inimigos, como os irmãos Oliveira, Adelino Caldeira, Jorge Mendes, Luís Norton de Matos, Simões de Almeida, Delane Vieira, Pôncio Monteiro, Vítor Serpa, Rui Santos, Miguel Sousa Tavares e mesmo antigos aliados (Artur Jorge e Pinto da Costa). 

Vocês Sabem do que Estou a Falar tem a singularidade de incluir uma errata, corrigindo lapsos do autor e erros de revisão. No entanto, Octávio manifesta no texto alguma dificuldade com as datas dos acontecimentos. Por exemplo, a final da Taça de Portugal entre FC Porto e Sporting que obrigou a uma finalíssima apitada pelo “chinês” Mário Luís ocorreu em 1978 e não em 1980 (pp. 55-57), ano em que foi o Benfica a derrotar os portistas no Jamor. Da mesma forma, Futre chegou ao FC Porto na época de 1984/85 e não em 1985/86 (p. 85). Em Abril de 1987, o FCP deslocou-se no âmbito da Taça dos Campeões a Kiev, “uma cidade não muito distante do estaleiro de Chernobyl, onde há pouco menos de um mês tinha ocorrido o terrível desastre nuclear” (p. 89); na verdade, o acidente na central atómica registou-se em 26 de Abril de 1986. Por último, as eleições portuguesas de 6 de Outubro de 1991 foram legislativas e não presidenciais, como Octávio indica (p. 141).

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