Encontrar algo útil no meio da tralha é parte essencial do trabalho de um historiador.

quinta-feira, 18 de agosto de 2011

Odeio todos os personagens que não são meus


Quando o DVD de Fantasia Lusitana, de João Canijo, foi lançado, em Dezembro passado, uma crítica na revista Time Out Lisboa (cujo autor não anotei) repudiou o facto dos extras incluírem entrevistas a apenas dois historiadores, ambos da “esquerda radical” (Fernando Rosas e Irene Flunser Pimentel), sem o contraponto de autores mais próximos ideologicamente do Estado Novo. Poderia ser interessante saber o que o Prof. Joaquim Veríssimo Serrão diria acerca do período retratado no filme, mas, além da polémica classificação de Rosas e Pimentel como “esquerda radical” (em comum têm talvez o passado maoísta), os comentários dos historiadores reproduzidos no DVD não enfermam de parcialidade, prestando esclarecimentos sobre temas como a presença em Portugal dos refugiados fugidos de Hitler, a evolução da atitude do regime português durante a guerra ou a pobreza e agitação social que a propaganda da época escondia. Claro que se levanta a questão de até que ponto um historiador, de “esquerda radical” ou não, pode ser objectivo e imparcial. No entanto, para lá das diferenças de opinião, só a distorção dos factos pode levar a excluir totalmente o trabalho de um determinado estudioso do passado.

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