Encontrar algo útil no meio da tralha é parte essencial do trabalho de um historiador.

domingo, 7 de agosto de 2011

Então não se está mesmo a ver que Deus existe?


Nos cafés de Cascais, é frequente ouvir comentários acerca das notáveis semelhanças entre duas personagens de origem francófona, o Estrumpfe dos Óculos (da BD de Peyo e produtos derivados) e o Agnan (referido como Aniano ou Aguinaldo nas traduções portuguesas) das histórias do menino Nicolau, criadas por Sempé e Goscinny. Em ambos os casos, tratam-se das únicas figuras do grupo a que pertencem (os Estrumpfes e os colegas de Nicolau, respectivamente) que usam óculos. Além desse factor distintivo, Agnan e o Estrumpfe dos Óculos são “intelectuais” com gosto pelo estudo, bem comportados, servis perante a autoridade (a professora ou o Grande Estrumpfe) e queixinhas, julgando-se superiores aos outros e criticando permanentemente o comportamento dos seus semelhantes. Apesar da constante busca de reconhecimento público das suas qualidades, os dois personagens são detestados por todos (e bem, na perspectiva do leitor) e sofrem agressões físicas. O paralelismo deixa supor uma presença marcante deste tipo intemporal de jovem nas infâncias de Peyo, Sempé e Goscinny, que tão bem o descrevem nas suas criações. Na década de 90, ao ler alguns dos livros nos quais surgem as duas personagens, não podia evitar pensar que a minha imagem não estava muito distante desse modelo…

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