Encontrar algo útil no meio da tralha é parte essencial do trabalho de um historiador.

segunda-feira, 11 de outubro de 2010

O inimigo número um do crescimento demográfico


A historiadora Maria de Fátima Bonifácio regressa aos artigos de opinião no Público de hoje (“Apologia do capital”, p. 29), reafirmando o seu tabagismo sem remorsos (quando interrompia as aulas para intervalo, dizia que tinha de “repor os níveis de nicotina”) e concluindo que “Thatcher tinha razão”, após expor o fracasso dos Estados comunistas. Na verdade, a crítica às economias estatizadas e às sociedades de funcionários públicos com que Jerónimo de Sousa e Francisco Louçã sonharão enquadra-se naquilo que a autora consagrou como o combate da sua vida: o ataque ao “radicalismo”. Ao longo do período contemporâneo, os “radicais” são encontrados por Bonifácio em grupos políticos como os jacobinos da Revolução Francesa, a “unha negra” da esquerda durante a monarquia constitucional portuguesa, os apoiantes de Afonso Costa ou, na actualidade, o BE e o PCP. Em comum, os “radicais” que Bonifácio combate em nome do liberalismo possuem a crença nas virtudes da Revolução, ou seja, do uso da violência política com vista à transformação da sociedade, e na possibilidade de um Estado dotado do poder absoluto vencer a “reacção” e eliminar as injustiças. A obsessão igualitária deixaria a liberdade individual, na expressão de Maria de Fátima Bonifácio, “subordinada a um “fim social” superior que era o “bem de todos”, interpretado pelo Estado enquanto “representante da sociedade”” (A Monarquia Constitucional, Texto, 2010, p. 78).

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