Encontrar algo útil no meio da tralha é parte essencial do trabalho de um historiador.

quarta-feira, 13 de outubro de 2010

Salvai-me do opróbrio!


Ainda a propósito de A Idade da Bola, é natural que João Malheiro, ao realçar a dedicação e as capacidades dos jogadores, utilize por vezes expressões com conotações sexuais (alguns exemplos estão abaixo). Afinal, um jogo de paixões como o futebol pode ser uma metáfora da guerra, mas também incluir elementos que remetem para as relações amorosas.

“ (Sobre Artur) Havia ali paixão, paixão incontida, pela bola, essa fêmea fatal.” (p, 27)
“Carlos Duarte vivia, afrodisiacamente, as vitórias.” (p. 51)
“Chalana sem bola era Romeu sem Julieta.” (p. 60)
“Tinha a cor erótica do golo. (…) Derlei noivava a bola, ela correspondia.” (p. 72)
“Jardel beijava o golo na boca, era amor que fazia.” (p. 120)
“A bola casava com o seu (de Jesus Correia) riso feliz, parecia falar-lhe de amor.” (p. 121)
“ (João Moutinho) Exibe a bola, esconde a bola, faz amor com ela, recebe-a, endossa-a, provoca-lhe ciúmes, fá-la beijar as redes, dá-lhe o abraço apaixonado.” (p. 124)
“Um remate é instinto básico. Uma finta é arte, uma recepção, um passe. Assim como, e nem mal comparado, fazer sexo e fazer amor. Octávio fazia amor.” (p. 173)
“Petit procura a bola na sugestão do desejo erótico de prazer. Parece que volta sempre para o pé da namorada.” (p. 192)
“Clubisticamente, (Toni) apresenta-se como monogâmico. Benfica, a paixão insusceptível de adultério.” (p. 237)
“ (Torres) Gostava de penetrar o corpo imaculado da baliza, mas de nada se importava se não fosse o primeiro.” (p. 238)
“ (Sobre Vítor Baía) O FC Porto, que emblematiza, não se priva do seu concurso. Pede-lhe balizas com hímen intacto. (…) é baía de prazer.” (p. 248)

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