Encontrar algo útil no meio da tralha é parte essencial do trabalho de um historiador.

sábado, 4 de dezembro de 2010

Aquele que está vivo não diga nunca "nunca"


Foot, Dezembro de 1984

Entrevista de Hugo dos Santos a Paulo Futre:

“ (…) Futebol, música e televisão (vídeo) enchem, por inteiro, a vida deste jovem. Do futebol fala ele com reservas bem no jeito de não querer criar qualquer espécie de complicações. É diferente, por exemplo, quando nos fala de música:
— A música, para a juventude de hoje, e para mim, é tudo. A música a nós, faz-nos esquecer a política, faz-nos esquecer até a crise.
Não deixamos passar a frase, sem interferirmos:
— Não venho lá dos confins do século. Sou de uma geração própria e muito marcada pela música dos anos sessenta. Para nós, no nosso tempo de juventude, a música era muito, mas estava longe de ser tudo. Havia os grandes movimentos da juventude, o Maio de “68” em França, o movimento “Hippy”, os pacifistas, os ideais, a noção bela de que, talvez por sermos jovens, seríamos capazes de transformar o mundo. Para vocês é assim tão diferente o tempo de hoje?
— É. Para nós é viver a vida pela vida. A nossa política é a música.
— E não vos assusta, por exemplo, a ameaça de uma guerra nuclear?
— Assusta, mas que podemos fazer?
— Não podem lutar, para que seja menos possível?
— Acho que não. Basta um louco qualquer carregar num botão e, pronto, acontece.” (p. 30)

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