Encontrar algo útil no meio da tralha é parte essencial do trabalho de um historiador.

terça-feira, 21 de dezembro de 2010

Nada se compara ao prazer de escolher


Na edição de Janeiro de 1985 da Foot, o futebolista Nené, jogador do Benfica desde a sua vinda de Moçambique, quase duas décadas antes, admitia a possibilidade, chocante para os adeptos, de mudar de clube. O problema não estava nas capacidades de Nené, que ainda se julgava capaz de competir ao mais alto nível, mas na situação da equipa benfiquista desde a chegada ao comando técnico do húngaro Pal Csernai, que sucedera a Eriksson no início da temporada de 1984/85. Também entrevistado nesse número da revista, Csernai promovera uma renovação do onze “encarnado” através da aposta em jovens como Samuel e Vando e do afastamento dos jogadores mais idosos, como Nené, que fizera apenas dois jogos na época então em curso. Depois dos tempos gloriosos de Eriksson, predominava o mal-estar entre os jogadores do SLB, como Pietra já dera a entender na edição do mês anterior da Foot. Nené acabaria por permanecer no Benfica até terminar a carreira em 1986. Crescentemente contestado, Csernai seria arredado da liderança ainda antes da final da Taça de Portugal de 1984/85, vencida pelo SLB (3-2 contra o FC Porto), cujo alinhamento no Jamor foi coordenado por Pietra e Carlos Manuel. A passagem de Csernai (que treinara o Bayern de Munique e passaria depois pela selecção da Coreia do Norte) pela Luz seria recordada como o equivalente na história benfiquista do reinado de Calígula em Roma.

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