Diário de Lisboa, suplemento 7.7, 29 de Janeiro de 1977
“O Raid Relâmpago dos Comandos
de Irvin Kershner
(USA-1976)
Um filme do domínio do insulto (bis) e da pornografia (bis).
O nojo é ainda o sentimento que nos resta.
(Quem quer perder tempo e prosa?)
Cinema Condes
(não acons. men. 13 a.)”
É preciso explicar que a repugnância do DL não se deve apenas à eventual baixa qualidade artística do filme (que não vi) do realizador recentemente falecido de O Império Contra-Ataca. Com Peter Finch, Charles Bronson e Yapeth Kotto, a obra de Kershner relata a “Operação Entebbe”, ocorrida em Junho de 1976, quando terroristas da Frente Popular de Libertação da Palestina desviaram um avião de passageiros (sobretudo judeus) da Air France para o aeroporto de Entebbe, no Uganda (contavam com o apoio do ditador Idi Amin), exigindo a libertação de 53 correligionários, presos maioritariamente em Israel. O governo israelita respondeu lançando uma espectacular operação militar bem sucedida que resultou na libertação dos reféns, quase sem baixas entre os judeus. Como é natural, o filme, originalmente feito para televisão e intitulado Raid on Entebbe, adopta o ponto de vista de Israel e dá contornos heróicos à acção militar. No início de 1977, é também exibida em Lisboa a película sobre o mesmo tema Vitória em Entebbe, de Marvin J. Chomsky, que conta com actores como Richard Dreyfuss, Anthony Hopkins e Elizabeth Taylor. Sectores de esquerda manifestam-se indignados contra a propaganda “sionista” e “imperialista”, num cenário agravado pelo contexto da Guerra Fria. Engenhos explosivos serão encontrados no cinema que exibe Vitória em Entebbe, o qual acaba por beneficiar da publicidade dada ao filme, na origem do aumento do número de espectadores.
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