Encontrar algo útil no meio da tralha é parte essencial do trabalho de um historiador.

segunda-feira, 17 de janeiro de 2011

O grilo do Pinóquio era meu avô


O livro Campanha Eleitoral na TV/1976 (Ediguia, 1976) reproduz os textos lidos nos tempos de antena da campanha para as eleições legislativas de 1976. Com a duração de 10 minutos, os programas dos vários partidos não tinham grande arrojo técnico, limitando-se a intervenções de um ou mais dirigentes perante as câmaras da RTP. No caso dos tempos de antena do maoísta PCP (M-L), a principal preocupação era criticar os “sociais-fascistas” do PCP de Álvaro Cunhal, ligado ao “social-imperialismo” soviético. O líder do PCP (M-L), Heduíno Vilar, destacava os problemas existentes nos países do Leste europeu. Num discurso exibido a 17 de Abril, Vilar (nome da clandestinidade que substituíra o original Gomes) afirma: “O socialismo de Cunhal é também a deseducação das massas, com livros colonialistas e obscurantistas, como, por exemplo, “Volamse Eusébio”, ou seja, “Meu Nome É Eusébio”, livro editado na Checoslováquia e do qual vos apresento este precioso exemplar.”
Diga-se que a presença de uma biografia de Eusébio no mercado checoslovaco é compreensível pelo rasto de admiração deixado pelo Pantera Negra no jogo disputado em Bratislava a 25 de Abril de 1965, no qual Eusébio fez o golo da vitória portuguesa sobre a equipa da casa, decisiva no apuramento da selecção lusa para o Mundial de 1966.

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