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domingo, 3 de abril de 2011

Foi mandado para casa sob o peso da vergonha

O livro oficial (Avante, 2001) do XVI Congresso do PCP, realizado em Lisboa (no Pavilhão Atlântico) entre 8 e 10 de Dezembro de 2000, sob o lema “Democracia e Socialismo – Um Projecto para o Século XXI”, inclui a transcrição da intervenção de um membro do Comité Central comunista, Carlos Rabaçal, sobre “Política desportiva”. Fazendo um resumo da situação do desporto em Portugal, que considera desastrosa, Rabaçal afirma que “desde que os comunistas deixaram de deter a responsabilidade governativa da pasta do desporto, mais nada de novo aconteceu no panorama desportivo português, na perspectiva da democratização (…). E isto aconteceu já lá vão 25 anos.” (p. 56) O governo socialista de António Guterres limitava-se a associar-se aos eventos mediáticos do futebol profissional, ignorando as necessidades desportivas da população, satisfeitas apenas pelas autarquias e pelos clubes locais. Tal como noutros sectores do país, só “uma autêntica revolução”, com o PCP no Governo, poderia trazer a mudança ao desporto (p. 57).

Mais adiante, Mário Nogueira refere-se brevemente à falta de condições nas escolas, onde “os espaços para a prática desportiva, incluindo a construção de alguns pavilhões gimnodesportivos com verbas já previstas em PIDDAC, continuam a aguardar por melhores dias, ou, talvez, por próximas eleições” (p. 72). O desporto é também um dos temas abordados na Resolução Política aprovada no congresso, onde a organização do Euro 2004 é encarada com cautelas, devendo ser fiscalizada. Os comunistas pensam que “o desporto deve ser entendido como um importante factor de melhoria da qualidade de vida das populações, de resposta às necessidades de crescimento das crianças e jovens, de integração social e formação completa da juventude, de luta contra as consequências da sedentarização na vida dos trabalhadores e dos adultos em geral, de resposta a problemas específicos dos deficientes e dos idosos, e na luta contra a desintegração e exclusão juvenil e toxicodependência”. (p. 297)

Como curiosidade, regista-se a presença na Presidência do XVI Congresso do professor de Educação Física Carlos Manuel Dias Costa, dirigente da Federação Portuguesa de Desporto para Deficientes. Um dos delegados que usaram da palavra durante os trabalhos foi Domingos Estanislau, presidente do Futebol Benfica.

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