Encontrar algo útil no meio da tralha é parte essencial do trabalho de um historiador.

domingo, 24 de abril de 2011

Te amo, Sporting

A realizadora sueca/portuguesa Solveig Nordlund está a filmar A Morte de Carlos Gardel, uma longa-metragem baseada no romance homónimo de António Lobo Antunes (o escritor foi em 1997 o tema de um documentário realizado por Nordlund). Trata-se da primeira adaptação ao cinema de uma obra de Lobo Antunes (não sei porquê, pensei que viria a ser Que Farei Quando Tudo Arde? o romance do autor a conhecer essa honra), o que é considerado espantoso por Nordlund tendo em conta a vastidão do universo do escritor. Na verdade, muitos dos romances de António Lobo Antunes parecem infilmáveis, devido à complexidade da escrita e à opção do autor de deixar indefinidas muitas das características das personagens e afastar-se de uma ordem linear na história. Tal não impede que os romances antunianos estejam repletos de poderosas impressões visuais. A Morte de Carlos Gardel (1994) é o terceiro e último romance do chamado “ciclo de Benfica” (não sei se a crítica distingue algum ciclo na obra posterior de Lobo Antunes), possuindo algum humor e sátira corrosiva ao quotidiano dos subúrbios. Elementos autobiográficos estão presentes na obra, como em muitos outros livros do mesmo autor. Tendo em conta que a melhor personagem de António Lobo Antunes é ele próprio, será interessante ver como é retratado, ainda que de forma indirecta, no filme de Nordlund.

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