Encontrar algo útil no meio da tralha é parte essencial do trabalho de um historiador.

quinta-feira, 11 de novembro de 2010

Listen to my sneaky scheme


Nas novelas da TVI, a direcção de actores é geralmente assegurada por outros actores. No caso de Espírito Indomável, é António Melo que dirige o trabalho dos intérpretes, de acordo com os créditos finais, que indicavam até há pouco tempo Paula Neves como sua assistente na função. Ontem, no entanto, o cargo de assistente de direcção de actores na novela de Coruche foi atribuído na ficha técnica a Joaquim Nicolau. A alteração deve-se naturalmente à necessidade de Paula Neves se concentrar na interpretação da sua personagem em Sedução (onde a direcção de actores está a cargo de Isabel Medina e Susana Arrais), uma jovem realizadora que pretende estrear-se nas longas-metragens com a adaptação do best-seller de uma escritora portuguesa (interpretada por Maria João Bastos).

A propósito disto, as adaptações de obras literárias para o cinema realizadas em Portugal raramente se baseiam em sucessos de vendas recentes (na televisão, Equador, de Miguel Sousa Tavares, deu origem a uma série de proporções inéditas), com a excepção de Uma Aventura na Casa Assombrada. Se os cineastas lusos resolvessem pegar nas histórias fornecidas pela actual ficção nacional, uma das escritoras candidatas naturais à adaptação seria Margarida Rebelo Pinto. Acontece que se ouviu falar há muitos anos na transposição do primeiro romance de Rebelo Pinto, Sei Lá, para o grande ecrã, tendo aliás o Círculo de Leitores lançado uma edição do livro com capa alusiva ao facto. Autora dos argumentos de uma curta-metragem e um telefilme, Margarida assinaria o guião do filme baseado na sua ficção. A entrada da Wikipedia sobre a escritora informa que esta terminou no ano passado o argumento da versão cinematográfica de Sei Lá. Mas esse filme alguma vez virá realmente a existir? Recordem-se as afirmações de Rebelo Pinto numa entrevista: “Gosto de cinema, mas em Portugal é muito complicado, porque não há indústria e toda a gente acha que temos de trabalhar pro bono. Para projectos comerciais não trabalho de borla. Não ofereço guiões a realizadores nem a produtores. E eles não pagam porque sou cara, porque sou uma marca e represento bilheteira.” (i, 4 de Janeiro de 2010) Parece existir aqui um caso de filme com argumento, mas sem realizador.

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