Encontrar algo útil no meio da tralha é parte essencial do trabalho de um historiador.

quinta-feira, 26 de agosto de 2010

E as estrelas à noitinha nunca dormem ao relento

José Ruy (1930-), natural da Amadora, é um dos nomes maiores da história da banda desenhada em Portugal, com uma obra vasta. As suas adaptações de obras literárias, como Os Lusíadas, Peregrinação e vários autos de Gil Vicente, são importantes numa primeira abordagem aos autores quinhentistas (li a brilhante adaptação para BD da epopeia antes de passar ao texto de Camões propriamente dito). Apoiando-se numa documentação alargada que permite reconstituições históricas cuidadas, Ruy retratou os Descobrimentos na série Bomvento, com oito álbuns (as personagens principais são apresentadas em Homens sem Alma), sem deixar de avançar para o período contemporâneo, onde se debruçou sobre a implantação da República, Alves dos Reis, o 25 de Abril, as vidas de Aristides de Sousa Mendes e Humberto Delgado, etc.


Na minha opinião, fraqueja por vezes quando delineia argumentos originais, criando personagens sem carisma que atravessam décadas de história praticamente inalteradas. Os rostos das figuras humanas desenhadas por Ruy são pouco expressivos e as personagens parecem calmas mesmo quando estão furiosas. Apesar destes problemas e de um traço que talvez pareça ingénuo actualmente, José Ruy é um autor prolífico que como nenhum outro expressou em papel a História portuguesa.

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