Encontrar algo útil no meio da tralha é parte essencial do trabalho de um historiador.

terça-feira, 3 de agosto de 2010

Grande coisa, ter um curso!

“Contraluz” (2010), de Fernando Fragata


O quinto filme realizado por Fernando Fragata, um cineasta “comercial” luso que gere habilmente o marketing das suas obras, publicitadas com antecedência na Internet (o trailer inclui uma mensagem marcante de António Feio, a quem “Contraluz” é dedicado), é todo ele americano na sua essência, recorrendo a actores naturais dos EUA ou que aí trabalham, como Joaquim de Almeida e Ana Cristina de Oliveira (a qual está ligada a uma cena em que é introduzida música portuguesa de forma despropositada). A greve dos argumentistas disponibilizou a Fragata meios e pessoal para filmar as paisagens desérticas da Califórnia e aproveitar cenários de grande valor como um cemitério de aviões.


De forma semelhante a “Sorte Nula”, do mesmo realizador, “Contraluz” reúne várias histórias e personagens que se desenvolvem em paralelo até se cruzarem num final que clarifica o conjunto. No entanto, se no filme de 2004 Fragata conseguia manter até certo ponto uma dose de mistério, aqui tudo se torna previsível logo que o espectador compreende o mecanismo do argumento.


O género adoptado é o drama, ao serviço do qual o cineasta põe expressamente algumas anedotas brejeiras. As boas intenções de Fragata resultam, no entanto, em fracasso, devido à sua falta de talento para a realização, que torna o filme por vezes penoso de ver. A banda sonora acompanha de maneira irritante diálogos inconsequentemente extensos ou algo vazios e a história não é convincente, deixando muito por explorar. Na verdade, pouco podem os actores fazer para melhorar o produto final.


Seria quase um crime não utilizar para o cinema os cenários naturais apresentados na tela, mas Fernando Fragata não é o contador de histórias que o seu projecto exigia.

A melhor cena: Jay ouve o GPS.

A pior cena: O salvamento na água.



Nota: 4/10.

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