O segundo álbum do GAC (Grupo de Acção Cultural), Pois Canté! (1976), apresenta uma qualidade musical bem superior à de A Cantiga É uma Arma, enriquecendo a recolha da música popular portuguesa. Para além do destacado contributo de José Mário Branco, autor das melhores temas (“Pois canté!”, “Coro dos trabalhadores emigrados”), verifica-se uma refinação das letras que afasta algumas frases feitas marxistas-leninistas. Tal não impede que as canções adoptem sempre a perspectiva dos trabalhadores explorados pela burguesia, num quadro de desconfiança para com a democracia parlamentar então em consolidação. Independentemente da ideologia dos membros do GAC, as situações sociais abordadas no disco contribuem para explicar a dificuldade dos portugueses em acreditar que os baixos salários se devem apenas à escassa produtividade da economia.
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